No Brasil, mais de 76 mil casais homoafetivos oficializaram suas uniões desde que essa possibilidade foi reconhecida pela Justiça, há mais de uma década. Muitas dessas famílias desejam ter filhos — e ainda que a adoção seja uma alternativa, há quem sonhe em gerar descendentes biológicos. Para estes, a reprodução assistida pode ser uma excelente opção, como conta o médico Dr. Alessandro Schuffner, especialista no tema.

Dr. Alessandro, responsável pela Clínica Conceber, em Curitiba, explica que, nos anos recentes, houve uma mudança de mentalidade na comunidade médica, que passou a defender amplamente esse tipo de tratamento. Atualmente, de acordo com o especialista, o Conselho Federal de Medicina tem facilitado e permitido cada vez mais a reprodução assistida para casais homoafetivos, principalmente por perceber o crescimento dessa demanda por parte da sociedade.

Para os casais de duas mulheres, são várias as possibilidades de geração de uma criança através da reprodução assistida. “Uma mulher pode doar o óvulo para outra e combinar com o sêmen de um doador, possibilitando que a outra parceira engravide. Ambas participam da gestação, uma fornecendo o óvulo e a outra o útero”, explica Dr. Alessandro. Em outros casos, uma das parceiras pode gerar um filho com seu próprio óvulo e em seu próprio útero, bastando para isso uma inseminação simples.

Já no caso de dois homens que desejam ter filhos biológicos, é preciso escolher uma “barriga solidária” e uma doadora de óvulos para viabilizar a gestação. No Brasil, a regulamentação determina que a “barriga solidária” seja uma parente de até 4º grau, como mãe, irmã, tia ou prima de um dos futuros pais do bebê a ser gerado. O óvulo, por sua vez, pode ser proveniente de um banco ou ser de uma parente do outro integrante do casal. “Uma parente até o 4º grau do parceiro que não vai doar espermatozoide poderia doar o óvulo”, exemplifica Dr. Alessandro.

O médico lembra, ainda, que arranjos diferentes desses também podem ser feitos. Nesses casos, é preciso enviar uma solicitação prévia ao Conselho Federal de Medicina, que vai analisar o pedido e autorizar ou não o procedimento desejado pela família. O especialista reforça, no entanto, que não é necessária uma autorização especial caso o tratamento siga os parâmetros citados anteriormente.

Dr. Alessandro Schuffner relata que já existe bastante procura pela reprodução assistida por parte de casais homossexuais. De acordo com ele, os casais de mulheres ainda são mais comuns em seu consultório, mas casais masculinos também têm se interessado pela possibilidade de gerar filhos biológicos. Ele lembra, ainda, que as clínicas especializadas em reprodução humana, como a Conceber, não praticam nenhum tipo de discriminação, adotando os mesmos valores e protocolos para casais heterossexuais e homossexuais. Dessa forma, qualquer casal que desejar ter filhos biológicos pode, com ajuda da tecnologia, realizar esse sonho.