(Sêmen criopreservado por longo período resulta em nascimento 12 anos depois)
Schuffner Alessandro, ET al. The Journal of Urology 2004, v. 171, p. 358.
Pacientes e médicos tem se motivado a preservar o potencial de fertilidade antes da administração de terapias não somente devido ao recente avanço no tratamento de jovens que sofrem de câncer, mas também devido ao melhor entendimento dos efeitos gonadotóxicos da quimioterapia. Muitos destes pacientes ainda não começaram ou não concluíram suas famílias. A criopreservação do sêmen e desenvolvimentos no tratamento da infertilidade masculina, especialmente a injeção intracitoplasmática de espermatozóide (ICSI), permitiu estes pacientes serem pais genéticos de seus filhos. Utilizando ICSI, somente alguns espermatozóides viáveis são necessários após o congelamento e descongelamento para a fertilização do oócito. Além disso, ao contrário do passado, atualmente não existem critérios mínimos para o armazenamento de amostras de sêmen criopreservadas.
Um relato anterior demonstrou uma gestação obtida 11 anos após a criopreservação do sêmen feita antes da quimioterapia e radioterapia, que foi utilizado para ICSI. Baseado na literatura, nosso caso representa o maior período de tempo (145 meses) que uma amostra de sêmen permaneceu criopreservado e foi utilizada para ICSI, resultando em um nascimento.
Discussão
Este caso mostra que o sêmen criopreservado 12 anos antes permitiu um homem com câncer testicular tratado por orquiectomia e quimioterapia ser pai genético de seu filho. Todos os esforços devem ser empregados para encaminhar pacientes com câncer para a criopreservação de sêmen antes de proceder com a quimioterapia. A criopreservação do sêmen antes do início do tratamento esterilizante permite que mesmo um número pequeno de espermatozóides esteja disponível para técnicas de reprodução assistida, incluindo a inseminação intra uterina, fertilização in vitro e ICSI.
É notável que mesmo o sêmen criopreservado por longo período de tempo é capaz de produzir uma gestação viável. Desta forma, nós devemos encorajar nossos pacientes que serão submetidos à quimioterapia e radioterapia a considerar a criopreservação, mesmo aqueles que não têm a intenção de serem pais. A criopreservação de sêmen deveria ser parte da rotina do procedimento terapêutico para preservar a fertilidade em homens jovens com doenças cancerígenas.
O consentimento informado deve incluir o que será feito com o sêmen se o paciente falecer, por exemplo, constar que será doado para pesquisa ou destruído. Alguns também poderão requerer a sua utilização para produzir embriões com gametas de seu parceiro, embora limitações éticas e legais não sejam claras nesse assunto. Com respeito há quanto tempo o sêmen deveria ser rotineiramente criopreservado, dependeria principalmente da idade do paciente no momento do diagnóstico da doença, e de quando ele gostaria de ter um filho.